Numa madrugada de sábado para domingo, vivi uma insônia terrível. Parei de lutar e levantei-me da cama. Tentei de tudo, caminhei “pra catete”, arrumei umas gavetas, adiantei alguns despachos, mas nada ajudava a diminuir minha ansiedade. Então, tive a luz de aplacar os nervos atualizando o meu blog. O Palácio estava vazio. Liguei o meu PC, mas não consegui me conectar à Web. Reiniciei a operação, e o mesmo problema se apresentou. Não me restou alternativa senão acordar algum dos meus assessores que entendem de informática. Nenhum conseguiu me auxiliar, não sei se por sono ou porque o problema era difícil mesmo. Não ia conseguir dormir sem postar no meu blog, então liguei para o serviço 24 horas de assistência do provedor. Depois de ouvir por 10 minuto que “nossas posições de atendimento, neste momento, estão ocupadas, aguarde mais um pouco”, atendeu-me uma mocinha que parecia ter sido treinada por um robô. Primeiro, quis conferir os meus dados. Disse-me que, para a minha segurança, nossa conversa seria gravada. Perguntei se ela tinha alguma relação com o Carlos Lacerda, mas ela não riu. Esse pessoal do telemarketing não é pago para ter humor. Durante a conferência dos dados, achei que ela se daria conta de com quem estava falando e que sua voz profissional se transformaria em humana e solícita. Que nada. A coisa encrencou. Nosso diálogo não progrediu com facilidade. Tudo porque eu não me lembrava da minha senha de acesso.
– Sem a senha, não posso lhe ajudar. No máximo – disse ela – “posso estar reenviando” a sua senha para o seu e-mail, e o senhor acessa amanhã do seu local de trabalho.
– Minha filha, eu trabalho em casa.
– Nesse caso, não tenho como lhe ajudar, Seu Vargas.
Fui ficando irritado com a situação. Nessas horas, a gente tem vontade de se matar. Pedi para falar com o chefe lá do provedor. Ela me disse que o chefe dela não era do provedor.
– Como assim? – perguntei.
– Senhor, a nossa empresa é terceirizada. O senhor pode fazer sua reclamação no nosso SAC. Vou lhe dar o telefone de contato.
– Mas por que terceirizada?
– Ah, o senhor sabe. Essas coisas de impostos, direitos trabalhistas. Mais alguma coisa, Seu Vargas? A XXX agradece a sua ligação. Tenha uma boa noite.
Comecei a me dar conta de que eram as leis trabalhistas, ou a não observância delas, que estavam me tirando o sono.
Não me restou alternativa senão comer algo. Para não acordar mais alguém, pedi uma pizza. Quando o entregador chegou, ainda intrigado com a atendente terceirizada, perguntei ao motoqueiro:
– O senhor tem carteira assinada?
– Não, senhor, senão tem muito desconto.
– Então é autônomo?
– Também não. Trabalho aí para uma firma de motoboy.
– Ah, entendo.
Antes de sair, ele me agradeceu a gorjeta e ainda disse:
– Me amarrei nessa faixa que o senhor usa aí no peito. Maior presença. É por isso que detesto o trabalho informal.
terça-feira, 7 de julho de 2009
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